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06/03/2014 – VALORIZAR ERROS?

erros

Por Adm. Roberto Trevizam*

Uma vez o menino chegou em casa meio apreensivo. Mas foi correndo dar um abraço em sua mãe e posteriormente em seu pai, que acabara de chegar para o almoço. O filho então tira seu boletim do bimestre e mostra primeiramente ao pai. Havia notas excelentes, boas e uma ruim. Devido a uma desmotivação momentânea em um dia de prova, o menino acabou tirando 4,0 em Português. Você tem dúvida do que o pai fez?

Em nosso trabalho ou até mesmo em assuntos pessoais, acadêmicos, relacionamentos, enfim, tudo que envolva mais de uma pessoa, nos deparamos com situações semelhantes. Desenvolvemos grandes projetos, belas ações, mas em algum momento há um deslize ou um estalo de falta de atenção, que em alguns casos é fatal para afetar o desempenho conquistado com grande esforço. Mas qual o erro em errar?

Algumas organizações criam premissas no decorrer de sua existência e tais premissas se permeiam e começam a fazer parte da cultura organizacional. Algo como “Uma pessoa pode aprender a ser competente em quase tudo” ou “O maior potencial de crescimento de cada pessoa está nas áreas em que ela tem seu ponto mais forte”. O livro Descubra seus Pontos Fortes, de Marcus Buckingham e Donald O. Clinfton, mostra um pouco sobre a importância de potencializar os pontos fortes. Uma colocação que gosto é sobre as duas premissas que orientam os melhores gestores do mundo:

1. Os talentos de cada pessoa são permanentes e únicos;

2. O maior potencial de crescimento de cada pessoa está nas áreas em que ela tem seu ponto mais forte.

Mas o que é talento? Para Geoff Colvin, “talento é uma aptidão natural para fazer alguma coisa melhor que a maior parte das pessoas”. Dizem que quando você trabalha em algo que ama, deixa de ser um trabalho. Em tese, há um pouco de razão nesse jargão, pois quando se dedica tempo e esforço naquilo que é bom o resultado é melhor ainda. Você pode ter qualquer talento, pode ser curioso, perfeccionista, competidor, estrategista, futurista etc. Cada talento deve ser avaliado com sua rotina de trabalho e costumes que possui.

Todos os dias, sem exceções, nós decidimos. Decidimos desde o piscar dos olhos até o pensamento que vamos emitir. Cada decisão é influenciada pelos seus talentos e, por mais mínima que seja, no fim do dia você terá tomado decisões incontáveis.

O ser humano, em alguns momentos, acaba observando facilmente os pontos negativos e fracos de uma situação ou de uma pessoa. Principalmente quando é do outro. Temos a mania de sempre reparar na grama do vizinho e esquecer que o mato está tomando conta de nossa varanda. Uma obra muito boa é Por que a gente é do jeito que é?, de Eduardo Ferraz. Para Ferraz, “a maior prioridade na vida de quem quer evoluir profissionalmente deveria ser descobrir quais são seus diferenciais e aperfeiçoa-los”.

Na maior parte do tempo tentamos lapidar, eliminar ou até mesmo esconder nossos pontos fracos. Esse tempo deve ser investido para as técnicas que ajudem a melhorar seus talentos e pontos fortes. Algumas das obras que citei vão lhe ajudar especificamente neste assunto que é inspirador e tem orientado pessoas ao redor do mundo. Se pararmos para listar talentos conhecidos, podemos ficar horas e horas citando grandes nomes que construíram a história do mundo, ícones da música, esportes, ciência, enfim, personalidades que souberam utilizar seus talentos da maneira correta.

Obviamente que algumas pessoas possuem algo a mais do que talento nato para se tornarem fora de série. Malcom Gladwell publicou uma teoria em seu livro Outliers: The Story of Success, na qual diz que para alcançar a excelência são necessárias 10 mil horas de prática. No livro há pesquisas que suportam a ideia, mas basicamente um “fora de série” nasce através de talento e preparação. Uma pessoa talentosa precisa de técnicas e aprimoramento, pois sem estes corre um grande risco de ineficiência. É aí que entram os gestores.

É preciso ter ferramentas para mapear os talentos e desenvolver os pontos fortes. Não estou falando apenas em sua forma teórica – deve ser feito na prática. Outra frase conhecida, “Pessoas certas nos lugares certos”, nada mais é do que o reflexo da alocação correta dos talentos. Mesmo com inúmeras tecnologias, imagino que a substituição de um talento por um sistema esteja longe de acontecer, pois as decisões pessoais não são exatas e são influenciadas por nossos talentos, e cada ser humano possui os seus talentos.

E quando o pai olhou o boletim, parabenizou o menino e valorizou as ótimas notas falando que ele poderia compartilhar e ajudar os amigos da sala que estivessem precisando de ajuda nas matérias em que ele foi bem. No entanto, fez uma pausa referente à nota baixa em Português, que ele precisava pedir ajuda, externar a dificuldade para poder reverter e fazer o máximo possível para atingir a média ou um pouco mais para passar com tranquilidade. Na verdade não precisamos ser gênios em tudo e querer lutar com os pontos fracos toda a vida. Faça com que seus pontos fracos sejam trabalhos para que pelo menos “passe de ano” e foque realmente em seus talentos. Tanto a empresa quanto você irão obter resultados duradouros e de qualidade.

*Especialista em gerenciamento de projetos, atua com coordenação de projetos e consultoria de mapeamento de processos na empresa iGO – Gestão Inteligente.

Fonte: Revista Brasileira de Administração. Janeiro/ Fevereiro – 2014. Págs. 22 e 23.


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